segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Regressar a/de Lisboa

Lisboa era a cidade onde gostaria de ter frequentado a faculdade, onde passei os meus verões com os meus primos e para onde, mais tarde, tive de deslocar-me para reencontrar os meus amigos migrantes. Hoje continua a ser uma cidade à qual não conheço os cantos, por onde me perco – o que não é assim tão difícil, para falar a verdade – e onde me sinto, de certa forma, em casa.
Já lá não ia desde agosto, no meu final em grande das férias, pelo que não podia recusar o convite de lá voltar, especialmente na companhia do meu Lado lunar. A ideia era apenas levar o livro até às mãos dos meus lisboetas, mas fui convidada para me juntar à apresentação de um outro livro (Laços de luar e outras histórias, de Teresa Brinco de Oliveira), com quem partilhei a biblioteca da peculiar Casa do Alentejo.
Aproveitei para almoçar n’A Lota, para beber uma cidra no Topo do Martim Moniz e jantar no Can the Can, quase beber um copo no Cais do Sodré, rever família e amigos, voltar ao Castelo de São Jorge onde passava as tardes a dar cambalhotas quando era criança, subir e descer ruas, fugir à chuva e à maratona, almoçar no Honorato e, claro, trazer de sobremesa um pão de deus da Padaria Portuguesa.
Há qualquer coisa naquela cidade. Talvez a luminosidade, talvez o calor que sinto quando lá chego, talvez o céu que, mesmo chuvoso, parece desenhado ao pormenor e pintado com tanto cuidado quanto aquele com que se faz uma obra de arte.
Vir embora é sempre, sem exceção, a parte complicada. Desta vez foi deixar para trás um fim-de-semana de sonho e, com ele, os meus lisboetas; e foi chegar ao culminar de mais uma etapa de um projeto.
Ainda que voltar ao Porto seja ótimo, sem dúvida, despedir-me de Lisboa enche-me de uma melancolia dicotómica que quase que dói.

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