terça-feira, 6 de outubro de 2015

Regresso à escola

No domingo, ao fim de 10 anos (dez!) voltei à escola em que passei os três anos de secundário a sentir-me uma outsider (talvez seja mesmo essa a minha condição geral). Nunca mais lá voltei a entrar, ainda que estivesse curiosa para saber como tinha ficado depois das obras, mas os horários não mo tinham permitido e, honestamente falando, a vontade não era demasiado forte para isso.
Até que chegaram as eleições, a escola esteve aberta no fim de semana e voltei a entrar, desta vez pela porta da frente, aquela que estava vedada aos alunos, que tinham de entrar pela estreitíssima porta lateral.
Não perscrutei a escola toda. Na verdade, passeei por uma pequena parte, apenas, mas o suficiente para ver que aquela é, sem dúvida, uma escola do século XXI, com bom aspeto e, arrisco dizer, acolhedora. O corredor de acesso aos edifícios e às salas de aula, totalmente envidraçado, já não deve ficar alagado em dias de chuva, o que permite, também, que haja um bar enorme e colorido lá no meio. Em frente, o recreio com campos de jogos está com as condições necessárias para ser utilizado sem que seja preciso verificar o boletim de vacinas, como medida de prevenção.
Consegui ver uma ou duas salas por dentro, mas apenas as da área de ciências que, embora incluísse uma cuja parede é um aquário, não fazem parte do meu espectro de recordações.
Não fiquei muito nostálgica, não foi como voltar a casa ou a um momento especial do passado. Ainda assim, foi impossível não reparar, logo, que o cantinho junto à máquina de bebidas onde a minha grande paixão dessa altura me deu um beijo na testa, depois de sair aterrorizada de mais uma aula demoníaca com uma bruxa - ali mesmo à saída para a porta lateral, em cujo muro de pedra ele se sentava a fumar - já não é um cantinho resguardado. E a máquina de bebidas desapareceu, com o seu vermelho desbotado de tantos anos de gasto.

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